Rombo do Ipremm ocorreu por falta de repasses da Prefeitura, informa o relatório final da CPI
Os vereadores membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou as contas do Instituto de Previdência do Município de Marília (Ipremm) no período de 1991 a dezembro de 2017 concluíram que o rombo de R$ 180 milhões foi provocado principalmente por falta de repasses mensais da Prefeitura Municipal de Marília. O relatório final contém 45 páginas e mais de mil páginas de anexos, trechos mais importantes do documento foi lido durante entrevista coletiva concedida na tarde desta terça-feira, dia 20, pelos vereadores Mário Coraíni Júnior (PTB) e José Luiz Queiroz (PSDB), presidente e relator, respectivamente. O vereador Maurício Roberto (PP), terceiro membro da comissão, cumpre agenda em Brasília, mas tomou conhecimento do texto conclusivo na véspera e assinou o relatório.
O documento foi protocolado na diretoria-geral da Câmara de Marília logo após a coletiva, que ocorreu na sala Nasib Cury. O relatório seguirá para plenário, onde será lido e colocado em votação. O Poder Legislativo irá disponibilizar o conteúdo de forma integral no site oficial da Câmara de Marília, que poderá ser acessado através do endereço: www.marilia.sp.leg.br. “Cópias do relatório final serão enviadas para a Prefeitura Municipal de Marília, ao Instituto de Previdência do Município de Marília, Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), Ministério Público Estadual e ao Ministério da Previdência Social”, observou o vereador José Luiz Queiroz. Queiroz reiterou que o papel da comissão parlamentar de inquérito não foi o de condenar, mas sim de esclarecer e identificar a origem do rombo da Previdência municipal.
“A falta dos repasses legais da Prefeitura Municipal de Marília ao longo dos anos, incluindo a falta do repasse da cota patronal e, em determinados momentos, o atraso no repasse da contribuição dos servidores, agravaram a situação do Ipremm. Também não ocorreram dentro dos prazos devidos os aportes”, contextualizou o vereador e relator da CPI do Ipremm. Aportes, conforme estabelece a legislação, são repasses extraordinários feitos mensalmente pelos órgãos de origem dos servidores aposentados. (Por exemplo, aposentados da Prefeitura de Marília são de responsabilidade dela quando a folha de pagamento do Ipremm não for suficiente para saldar os vencimentos daquele período).
O não repasse da cota patronal, cota dos servidores e aportes configuram indícios de improbidade administrativa e apropriação indébita previdenciária, crimes administrativos previstos na legislação brasileira. Com relação as aplicações financeiras, permitidas através do fundo previdenciário do Ipremm – o fundo de longos investimentos – a CPI não identificou ilegalidade na operação adotada. “Não foram as aplicações que provocaram o rombo do Instituto”, reiterou Queiroz.
Os trabalhos da comissão começaram em setembro do ano passado e ao longo do período, os integrantes colheram depoimentos de ex-presidentes do Instituto de Previdência do Município, de secretários municipais da Fazenda e dos ex-prefeitos de Marília, Mário Bulgareli, Ticiano Toffoli e Vinícius Camarinha. O atual prefeito Daniel Alonso também foi ouvido. Ainda no relatório protocolado nesta terça-feira, 20, a CPI do Ipremm sugere três pontos como forma de enfrentar a crise do instituto: criação de uma controladoria municipal, realização anual de audiência pública prestação de contas e realização de estudos prévios de impacto previdenciário a cada aumento ou reajuste na folha salarial.
Dívidas
Em 1996 a dívida do Ipremm era de R$ 4,5 milhões, evoluída para R$ 9,8 milhões em 2000 após atualização e correção monetária. Até 2008, segundo a CPI, as finanças do Ipremm se mantiveram saudáveis, contudo entre 2008 a março de 2012 o rombo alcançou R$ 21 milhões. Ao final de dezembro de 2012 a dívida chegou a R$ 43,1 milhões. De 2013 a 2016 a dívida de R$ 43,1 milhões saltou para R$ 101 milhões. No primeiro semestre de 2017 R$ 14 milhões não foram repassados para o instituto, contudo houve o parcelamento com a dívida totalizada em R$ 180 milhões. Atualmente não foram parcelados e não liquidados R$ 21,3 milhões em aportes do Município. Informação transmitida pela CPI do Ipremm é que este aporte da Prefeitura deverá ser pago com vendas de terrenos públicos.
Confira também a matéria produzida pela TV Câmara de Marília: